Atualizado em 26 de abril | 2021 por SAS

A aprendizagem criativa é uma abordagem que compreende o aprendizado como resultado de um processo exploratório. Sua fundamentação foi feita pelo grupo de pesquisa do MIT Lifelong Kindergarten, ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, tendo à frente Mitchel Resnick. O conceito apresenta como base o construtivismo e ideias de pesquisadores como Piaget, Montessori, Paulo Freire e outros expoentes da educação. 

Ela está relacionada a uma perspectiva de aprendizado ativo e “mão na massa” e as práticas pedagógicas visam instigar a curiosidade, o protagonismo e o engajamento dos estudantes, trabalhando sua criatividade e seus processos cognitivos.  

Que tal descobrir mais sobre essa abordagem pedagógica? Continue a leitura e conheça os pilares e exemplos de práticas utilizadas na aprendizagem criativa. 

A aprendizagem criativa surge a partir de pesquisadores norte-americanos que estudaram o construtivismo.

De onde vem a aprendizagem criativa?

O professor e pesquisador Mitchel Resnick, em parceria com o MediaLab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), foi quem formatou o conceito de aprendizagem criativa, inspirando-se, sobretudo, nas propostas do educador americano Seymour Papert.

As ideias de Papert fundamentam-se especialmente no movimento construtivista, que tinha em Piaget um de seus maiores expoentes. O construtivismo é baseado na ideia de que as pessoas constroem ativamente ou fazem seu próprio conhecimento, e que a realidade é determinada por suas experiências como aluno.

Basicamente, sob essa perspectiva, os alunos usam seu conhecimento anterior como base para novos conhecimentos. Portanto, as experiências individuais de cada um tornam seu aprendizado único para eles.

Em salas de aula construtivistas, o professor tem o papel de criar um ambiente colaborativo, no qual os alunos estão ativamente envolvidos em sua própria aprendizagem. Os professores são vistos mais como facilitadores da aprendizagem do que como instrutores e transmissores de informações, propondo trabalhos em grupos, atividades colaborativas e interativas, apresentando desafios e propostas de resolução de problemas e apoiando os alunos em suas necessidades.

Dessa forma, a abordagem de aprendizagem criativa tem suas raízes, principalmente, em fontes construtivistas, sobretudo no que diz respeito ao envolvimento ativo dos estudantes, do reconhecimento e encorajamento de sua autonomia, de proposição de atividades realmente engajadoras e com produtos contextualizados. 

Os 4 Ps da aprendizagem criativa

Assim como ocorria no construtivismo, na aprendizagem criativa compreende-se que a esfera das relações e conexões sociais e afetivas também exerce impacto no desenvolvimento cognitivo. 

E, além dela, essa abordagem também é fundamentada em pilares representados por 4 Ps, a saber:

Projetos

Na perspectiva dessa abordagem, tem-se que os alunos aprendem melhor quando estão trabalhando ativamente em projetos relevantes e significativos para eles – gerando novas ideias, projetando protótipos e criando soluções.

Os projetos fornecem uma espécie de contexto prático para a aplicação da teoria, tornando a aprendizagem mais fácil e engajadora. É comum que, por esses motivos, os projetos sejam interdisciplinares, mobilizando conhecimentos de forma fluida e não compartimentada, como ocorre em uma abordagem de sala de aula mais convencional. 

Paixão

Este pilar está associado a trabalhar com os interesses pessoais dos alunos para mobilizar e estimular o aspecto emocional também em prol de seu desenvolvimento cognitivo. A forma como nos sentimos enquanto estamos aprendendo algo pode tornar esse aprendizado mais fácil e significativo.

Assim, na aprendizagem criativa, a paixão alimenta a vontade do aluno de mergulhar em um projeto e sustentar seu interesse, mesmo diante de eventuais desafios e dificuldades.

Pares

Nessa perspectiva, a aprendizagem floresce como uma atividade social, com pessoas compartilhando ideias, colaborando em projetos e desenvolvendo o trabalho criativamente com seus pares. 

No construtivismo e na aprendizagem criativa, assume-se que as pessoas com quem nos relacionamos, interagimos e colaboramos exercem um papel em nosso aprendizado e que, por meio de nossas interações, aprendemos coisas novas e potencializamos nosso desenvolvimento. 

A comunidade ao redor de cada aluno é fundamental para a construção de seu conhecimento, de acordo com a aprendizagem criativa.

Pensar brincando 

Outra base dessa abordagem é que aprender envolve experimentação lúdica – tentar coisas novas, mexer em materiais, colocar a mão na massa. O brincar está associado à imaginação, à criatividade, ao “pensar fora da caixa”. Ainda, a um ambiente acolhedor em relação ao erro, como parte do processo evolutivo do saber experiencial. 

Espiral da aprendizagem criativa

Na abordagem trazida pela aprendizagem criativa, o aprendizado não ocorre linearmente – ele flui seguindo uma espécie de espiral, formada pelas seguintes etapas: imaginar, criar, brincar, compartilhar e refletir, voltando a imaginar e dando continuidade à espiral.

Por meio desse processo, os alunos usam e desenvolvem sua própria imaginação e ideias, executam ações para criar objetos e projetos, experimentam alternativas de forma lúdica e engajadora, obtêm contribuições, colaboram com outros colegas e geram novas ideias com base em suas experiências vividas e no que aprenderam. A partir disso, criam espaços de compartilhamento e refletem sobre o que aprenderam e como podem seguir evoluindo seus projetos, ideias e conhecimentos.

Como um processo em espiral, o ciclo de aprendizagem criativa é interativo em sua natureza. Isso significa que os alunos precisam experimentar diferentes ideias e abordagens para resolver problemas e melhorar suas soluções. 

Na espiral de aprendizagem criativa, os alunos experimentam e criam de forma intuitiva, mas planejada pelo educador, seu facilitador.

Micromundos na aprendizagem criativa

Os micromundos são outra chave para abrir as portas da aprendizagem criativa. Nessa abordagem, acredita-se que aprender sobre conceitos dentro de um ambiente de aprendizagem de micromundo resultará em uma compreensão mais profunda desses conceitos do que aquelas possibilitadas em ambientes de aprendizagem tradicionais.

De forma resumida, os micromundos representam ambientes de aprendizagem exploratória, nos quais os alunos podem fazer simulações, descobertas, testes e desenvolver empírica e ativamente competências e conhecimentos novos. Nesses micromundos, os estudantes têm orientação e recursos para construírem algo, aperfeiçoar conhecimentos de modo pessoal e significativo e explorar seu potencial criativo e cognitivo.

Micromundos podem ser simples – um armário de panelas pode ser um micromundo para os pequenos desbravarem empiricamente conceitos básicos de medidas e design, por exemplo – e mais complexos – envolvendo a criação de um reino, com linguagem, vestimentas, seres, gastronomia e artefatos próprios. 

Isso incentiva a criatividade a partir de uma proposta desafiadora, imaginando, criando, testando, colaborando e construindo objetos e conhecimentos de modo ativo, a partir de situações reais de aprendizagem, tirando conceitos do universo teórico e trazendo-os para o mundo prático. 

Atividades práticas inspiradas pela aprendizagem criativa!

Como a aprendizagem criativa é resultado de processos exploratórios e vivenciais, não podemos ficar apenas na teoria.Que tal um pouco de prática?

A seguir, veja três exemplos simples de atividades inspiradas pela aprendizagem criativa e conectadas, também, às metodologias ativas e à cultura maker

Atividade 1

Que tal criar um projeto interdisciplinar de aprendizagem criativa? Pode-se, por exemplo, aliar biologia, sociologia, robótica e informática ao criar protótipos e robôs, a partir de material reciclável obtido em casa. 

Atividade 2

É possível aprender matemática de diversas maneiras – muitas delas, divertidas e experienciais. É possível compreender, de forma muito mais interessante e contextualizada, conceitos como análise combinatória e geometria, ao se criar figurinos para bonecos. Dessa forma, é possível estudar a arte, a moda e o significado social do vestuário nas sociedades.

Atividade 3

Conceitos de física, por vezes, são difíceis de serem aprendidos e são apenas decorados pelos alunos. Como mudar isso e promover uma aprendizagem criativa e significativa? 

É possível, por exemplo, criar carrinhos e um circuito competitivo com esses veículos a partir de sucata. Então, formular hipóteses, testar e ver como acontece na prática conceitos, como os de atrito, força elástica e movimento. 

Continue no blog do SAS e confira outros conteúdos sobre práticas pedagógicas inspiradoras! Não deixe de ler também nosso artigo sobre jogos e gamificação na Educação Infantil – esses também podem ser utilizados em propostas alinhadas à aprendizagem criativa. Leia e inspire-se! 

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