Atualizado em 21 de janeiro | 2021 por SAS Educação

É consenso entre profissionais da educação e da psicologia que existem inteligências múltiplas e, consequentemente, diferentes maneiras de aprender e colocar os conteúdos em prática. Por outro lado, é difícil balancear diferentes estratégias de ensino que contemplem essa diversidade em sala de aula.

Para alcançar esse objetivo, é necessário conhecer e utilizar o conceito das inteligências múltiplas e impactar positivamente a qualidade da educação oferecida pelas instituições de ensino, para, dessa forma, impactar também a vida pessoal e o futuro profissional dos alunos.

Como fazer isso? Neste post, comentaremos sobre os diversos tipos de inteligências e discutiremos o papel central do professor nesse processo. Confira a seguir!

O que são as inteligências múltiplas?

A aplicação das inteligências múltiplas em sala de aula é uma tendência na educação e um desafio para escolas e professores, em um mundo cada vez mais tecnológico e socialmente complexo. Porém, as inteligências múltiplas são, também, grandes aliadas para aprimorar o projeto pedagógico e melhorar os resultados da escola.

A Teoria das Inteligências Múltiplas surgiu em 1983, com o psicólogo norte americano Howard Gardner, da Universidade de Harvard. O pesquisador defendia que as pessoas podiam ter variadas competências e habilidades, e que essas inteligências existiam independentes entre si. 

A teoria do psicólogo também reforça a importância de que as inteligências múltiplas devem ser desenvolvidas, principalmente, nos primeiros anos escolares, até os cinco ou seis anos de idade. 

Porém, para os padrões de avaliação da década, o conceito de inteligências múltiplas não se encaixava. Isto porque, até então, a inteligência era medida por meio dos conhecidos testes de QI (quociente de inteligência), desenvolvidos pelo psicólogo francês Alfred Binet no início do século XX. 

Esses testes tinham o objetivo de medir capacidades, como raciocínio lógico e matemático, e por muito tempo foram parâmetros para avaliar se as crianças tinham desempenho escolar compatível com sua idade. Compreender a inteligência desta forma contribuiu para criar os estereótipos de crianças mais ou menos inteligentes.  

A falta de entendimento das inteligências múltiplas também fez com que crianças e adolescentes não tivessem oportunidade de desenvolver talentos e habilidades específicas que, hoje, são compreendidas como importantes repertórios de saberes de cada indivíduo. 

Acreditava-se, também, que as capacidades reveladas ou não por meio dessas avaliações dificilmente mudariam. Ou seja, os indivíduos não seriam capazes de superar limitações, de acordo com o ambiente ou treinamento recebido. 

No entanto, a teoria de Gardner rompeu com essas ideias e revolucionou o conceito de inteligência. Ele mostrou que, ao contrário, os indivíduos não são imutáveis e podem desenvolver múltiplas inteligências na infância, dependendo do meio em que vivem e dos estímulos que recebem. 

Embora esses testes de QI possam avaliar algumas habilidades, também sempre foram criticados por alguns especialistas e educadores por excluírem habilidades cognitivas e humanas que estão além da lógica, das capacidades matemáticas e linguísticas. 

Porém, com o avanço da educação e das pesquisas no campo da neurociência, hoje, as habilidades cognitivas e as habilidades socioemocionais, diretamente relacionadas às inteligências múltiplas, também estão no centro das atenções da educação. 

Tanto que surgiram novas abordagens, como as metodologias ativas, que são muito importantes para trabalhar as inteligências múltiplas e as competências propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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Benefícios em aplicar inteligências múltiplas em sala de aula

Para formar alunos preparados para enfrentar os desafios do século XXI e fortalecidos emocionalmente, é importante oferecer um ambiente que estimule as inteligências múltiplas e incentive o protagonismo dos estudantes. 

Confira, abaixo, alguns dos principais benefícios de aplicar atividades que estimulam as diversas inteligências:

  • Motivação

Quando os alunos são incentivados a desenvolverem seus talentos, eles se tornam mais interessados nos conteúdos. Além disso, ao identificar que é bom no desempenho de uma determinada atividade, recebendo reconhecimento, o aluno pode ser incentivado a tentar superar dificuldades nas áreas em que tem mais dificuldade. 

  • Ensino mais personalizado

Como as pessoas têm perfis únicos, personalidades e habilidades diversas, ao aplicar o conceito de inteligências múltiplas, é possível personalizar o atendimento às necessidades do aluno. Por exemplo, alguns estudantes têm perfil analítico, facilidade com matemática, enquanto outros demonstram afinidade com teorias mais abstratas, como as artes.

  • Estimula a criatividade

O incentivo ao desenvolvimento das inteligências múltiplas provoca os alunos a se tornarem mais criativos, descobrindo, muitas vezes, novas habilidades e talentos. 

  • Melhora a avaliação

A partir da visão das inteligências múltiplas, o aluno pode ser avaliado de maneira mais integral, facilitando o entendimento da personalidade de cada estudante e a descoberta de estímulos que podem ajudá-lo no processo de aprendizagem. Por exemplo, existem alunos que, embora dominem um instrumento musical, não conseguem utilizar o raciocínio matemático da música em disciplinas da área de exatas. 

  • Aprimora o ensino

A educação voltada para o desenvolvimento das inteligências múltiplas é mais abrangente do que no modelo de aprendizado tradicional. A razão é que os alunos passam a ser estimulados a desenvolver novas habilidades e a potencializar as já existentes.

Ensino tradicional x Inteligências múltiplas?

Vale lembrar que ainda nos dias de hoje prevalece em algumas instituições de ensino a valorização exacerbada das habilidades relacionadas à lógica e matemática, em detrimento de outras do campo cognitivo. 

É comum, por exemplo, que as artes e os esportes, tão importantes para desenvolver uma série de inteligências, sejam deixadas de lado ou, apenas, oferecidas como atividades extracurriculares eventuais.

Uma grande parte das escolas também se baseiam em modelos tradicionais de aplicação de conteúdos e avaliações, sem levar em conta os aspectos que a teoria das inteligências múltiplas aborda. 

O fato é que, quando a escola não prevê, no seu planejamento pedagógico, um olhar para essa questão, existe o risco de haver limitação do potencial dos alunos.

É importante lembrar que a sociedade é cada vez mais digital, os desafios mudam constantemente no cenário econômico e político, e modelos de ensino tradicionais já não conseguem dar conta das demandas contemporâneas. 

Portanto, é recomendável que haja um equilíbrio entre os dois modelos, sem perder de vista que, invariavelmente, o próprio movimento das novas tecnologias e tendências educacionais já empurram as escolas para modelos de ensino menos tradicionais, de acordo com a realidade de cada instituição.  

Tipos de inteligências múltiplas para sala de aula 

A seguir, conheça as sete inteligências múltiplas apresentadas por Howard Gardner e dicas de atividades que se relacionam com cada uma no contexto educacional:

  • Lógica

É a habilidade de interpretar informações que dependem de raciocínio lógico e matemático, como as disciplinas de exatas. Estudantes com esse perfil têm facilidade com jogos, enigmas, problemas matemáticos e identificação de padrões.  Competições e jogos escolares que desafiam o raciocínio podem estimular essa inteligência.

As inteligências múltiplas permitem que os alunos conheçam seus interesses e aptidões.
  • Musical

Nesse caso, estão alunos que têm facilidade com instrumentos musicais e que reconhecem melodias, ritmos ou notas só de ouvir. Um exemplo de incentivo é a formação de um coral na escola ou a utilização de música em algumas atividades como na aulas de educação física ou literatura.

  • Interpessoal

Esta é a capacidade de se relacionar com os outros e estabelecer empatia. São estudantes, cuja facilidade de conviver com outras pessoas se destaca. Trabalhos em grupo, seja em sala ou projetos voluntários, por exemplo, podem estimular essa inteligência.

  • Intrapessoal

É a habilidade que um indivíduo tem de gerenciar suas próprias emoções, pensamentos e frustrações. É uma inteligência muito importante para a vida adulta e para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais. Atividades que promovam debate, reflexão e oportunidade de autoexpressão podem favorecer essa inteligência.

  • Espacial – visual

Esta inteligência confere boa capacidade de observação e memória de formas, cores e padrões. Indivíduos com essa característica também conseguem criar imagens mentais com facilidade para resolver problemas.

Exemplos de atividades que estimulam essa inteligência são as artísticas, aulas com vídeos e infográficos, mudar móveis ou objetos para que, posteriormente, as mudanças sejam apontadas pelos alunos. 

  • Verbal ou linguística

Esta é a habilidade de dominar a linguagem escrita e oral, uma inteligência essencial para diversas etapas que o aluno enfrentará na vida acadêmica e profissional. Também se relaciona com alta capacidade de comunicação. Escrita, apresentação de trabalhos em público, contação de histórias pelos alunos e teatro, por exemplo, podem estimular essa inteligência. 

  • Corporal ou Cinestésica

Indivíduos com essa inteligência têm coordenação motora, equilíbrio e facilidade para mover o corpo, como na dança e nos esportes, por exemplo. Além disso, também podem apresentar aptidão em trabalhos manuais. Neste contexto, mais uma vez, as atividades artísticas podem incentivar essa capacidade.

Atividades artísticas como o teatro e a dança são ótimas ferramentas para desenvolver as inteligências múltiplas dos alunos.

Exemplos práticos

Existem técnicas e metodologias que permitem aplicar a teoria da inteligência múltipla em sala de aula. Veja alguns exemplos práticos:

  • Metodologias inovadoras

O uso de metodologias inovadoras, como as ativas, que já mencionamos acima, o Design Thinking, a Gamificação, entre outros, favorecem o desenvolvimento das inteligências múltiplas.

Isto porque essas ferramentas contribuem para a autonomia e a participação do aluno no processo de aprendizagem, e permitem propor diversas atividades que trabalham inteligências, como a linguística, lógica e interpessoal.

  • Aprendizagem baseada em projetos

 Essa metodologia incentiva os estudantes a criar, investigar e propor soluções, por meio de tarefas e desafios que envolvem, geralmente, o desenvolvimento de um projeto e produto. Este é um outro recurso que incentiva o aluno a ter autonomia no seu aprendizado e exercitar inteligências múltiplas.

  • Ensino individualizado

É natural que os alunos apresentem diferenças de rendimento nas atividades e projetos em sala de aula. Por isso, na medida da possibilidade de cada escola, é importante que os alunos sejam observados individualmente, para que possam desenvolver suas inteligências múltiplas e talentos.

Em alguns momentos, atividades personalizadas podem ajudar estudantes a ultrapassarem barreiras ou estimular, ainda mais, uma habilidade em especial. 

O papel do professor no desenvolvimento das inteligências múltiplas

A função do docente em sala de aula é primordial para promover o desenvolvimento das inteligências múltiplas dos estudantes. É na relação aluno e professor que é possível observar as características de cada aluno e identificar as atividades que precisam ser feitas ou conteúdos que devem ser adaptados. 

O primeiro passo para aprimorar a prática pedagógica, com relação ao desenvolvimento de inteligências múltiplas, é fazer uma análise do planejamento de aulas para verificar se a proposta educacional atende a essa necessidade.

Caso necessário, sempre é possível fazer alterações ou trazer inovações que podem estimular o interesse dos alunos e o seu autoconhecimento.

Cabe ao professor também dar suporte ao estudante nessa jornada de descobertas e superação de desafios! 

Uma vez que você identificou a importância do desenvolvimento das inteligências múltiplas em seus alunos, conte com o SAS para apoiá-lo e implementar diversas soluções. Nossa consultoria pedagógica oferece o que há de melhor para a sua escola. Conte conosco!