Atualizado em 4 de março | 2021 por
Como podemos ajudar os alunos na formação de valores e a desenvolverem princípios básicos que nortearão seus comportamentos na escola, em casa e na sociedade?
Ensinar vai além de fazer os alunos atingirem suas médias nas avaliações, em busca de aprovação. Isso já está bem claro na mente de nós professores. A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nos orienta que a Educação Básica “deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e não linearidade desse desenvolvimento (…), ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto.” (BNCC, pag. 14). Ou seja, que precisamos olhar para nosso aluno de forma integral, cuidando não apenas do desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, mas também de sua formação de valores. Esse olhar integral nos traz a necessidade de trilhar um caminho para que o aluno desenvolva plenamente suas habilidades socioemocionais.
Hoje, mais do que nunca, os pais dos nossos alunos também estão convencidos de que esse processo é extremamente importante e urgente. Com o isolamento social imposto pela pandemia, a tendência é que as relações familiares tenham se estreitado mais, ao mesmo tempo que fomos forçados a um mundo de ensino a distância e trabalho remoto. Dessa forma, o ambiente doméstico passou a ser muito mais do que um local de descanso, lazer, ou de interações estritamente familiares, para ser um local universal, no qual a escola dos filhos e o trabalho dos pais coexistem.
A psicóloga educacional Michele Borba, em seu livro “UnSelfie: Why Empathetic Kids Succeed in Our All-About-Me World” (Descentralize-se: Porque as crianças empáticas têm sucesso em nosso mundo totalmente voltado para mim, na tradução livre para o português), nos aponta uma crescente do narcisismo, que ganhou rápida escalada nas últimas décadas e tem, nos jovens, o seu maior exponencial de crescimento.
Uma das principais explicações sobre o porquê desse crescimento do narcisismo está no fato de que nós pais nos preocupamos, de forma geral, que nossos filhos aprendam conteúdos escolares e uma língua estrangeira, pratiquem esportes, toquem um instrumento musical, etc, o que pode nos fazer falhar em ajudá-los rumo à sua formação de valores enquanto indivíduos. É, portanto, nosso dever ajudá-los a perceber a si mesmos e ao outro, além do mundo em que vivem, contribuindo diretamente para sua formação de valores.
Afinal, olhando pelo espectro escolar de que vivemos em um momento em que as interações básicas dos alunos foram reduzidas drasticamente, é fundamental guiarmos os estudantes para uma prática sistematizada do seu desenvolvimento de princípios.
Sandra J. Goss e Carleton R. Holt, ambos da University of Arkansas, desenvolveram pesquisas para entender o quanto um ensino focado na formação de valores dos alunos é importante, já que é por meio dele que “ensinamos nossos alunos a serem os líderes de amanhã no governo e nas empresas, tornando-se membros produtivos e de sucesso da nossa sociedade”. Olhando para o documento que hoje rege nossa educação, a BNCC, ela nos fala que a educação integral do aluno nos faz entender que a escola “deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades”.
Estamos no começo de mais um ano letivo que, para muitos, ainda será totalmente a distância e, para outros, de forma híbrida. Nesse contexto, como o professor pode, então, trazer esse ensino das habilidades socioemocionais, focando na formação de valores dos alunos, em um contexto de distanciamento social?
Existem algumas possibilidades. Da mesma forma que muitos professores já fazem os acordos da turma nas aulas presenciais, podemos fazer as mesmas atividades no ensino híbrido ou a distância. Por exemplo:
- O professor pode iniciar uma reunião com os alunos, perguntando o que eles querem ver dos seus amigos e o que eles querem ver neles mesmos. Por exemplo, se os alunos dizem que querem ver seus colegas usarem linguagem apropriada ou serem educados, esses valores são categorizados sob a bandeira chamada “respeito”, e assim por diante. Evoluir com esse acordo é importante e continuar categorizando as falas dos alunos sob bandeiras de habilidades socioemocionais, como consciência crítica, empatia, resiliência e comunicação, entre outras, é fundamental;
- Durante as aulas, é de suma importância manter essas regras sempre à mostra ou, eventualmente, trazê-las à lembrança de todos, para que saibam se alguém quebrou alguma delas ou, simplesmente, para que elas se tornem parte da cultura da sua sala de aula;
- Utilizando a seção +Atitude dos materiais do SAS, os professores podem realizar atividades de discussão em pequenos grupos, nos quais os alunos discutirão sobre uma determinada problemática, referindo-se aos princípios acordados pelo grupo e fazendo a transposição didática para a habilidade socioemocional abordada naquela atividade específica.
Essa atividade é importante, porque faz com que os alunos sejam corresponsáveis pelo clima da sala de aula e, consequentemente, do clima escolar que estão inseridos. Para tal, é de suma importância que essas ações não sejam isoladas a um grupo restrito de professores. Faz-se necessário a ampla mobilização de todos os professores de uma unidade escolar.
Nesse sentido, existe um personagem crucial para que o processo de formação de valores dos alunos nas escolas seja bem sucedido. Trata-se da professora e do professor. Adultos tendem a servir de modelos para os estudantes que interagem com eles. A partir desse entendimento, não só as professoras e os professores, administradores da escola, equipe de coordenação, mas mães e pais, acabam assumindo uma grande responsabilidade nesse processo.
Como a solução do SAS dialoga com essa temática?
De acordo com um estudo do Fórum Mundial Econômico, existe claramente uma desconexão entre os sistemas educacionais e o mercado de trabalho, que, juntamente com a ruptura digital, “está criando instabilidade e insegurança para muitas pessoas”. Quando olhamos para o ciclo da Aprendizagem Contínua (Lifelong Learning), o desenvolvimento das habilidades fundamentais do ser humano se dá na Educação Básica. Imagine que, hoje, as empresas estão focadas em qualificar e requalificar suas equipes e que, quando focamos nosso olhar para as habilidades socioemocionais dos nossos alunos, estamos criando oportunidades para que eles sejam melhores pessoas em suas casas, na escola, e em seus trabalhos futuros.
Conheça o princípio do Lifelong Learning abaixo:
Quando nós, do SAS, resolvemos reescrever nossos livros para que eles estivessem embasados na BNCC, deixamos algo muito claro em nossas diretrizes: nossos livros deveriam oferecer todas as possibilidades para a formação de valores do aluno. Para tanto, desenvolvemos a seção +Atitude.
Pensando na formação integral do aluno, com o intuito de prepara-lo para ser protagonista de seu aprendizado, impactar a realidade de maneira positiva, elaboramos a Matriz SAS de Habilidades Socioemocionais, com 21 habilidades mapeadas e distribuídas nos componentes curriculares, em nível de complexidade crescente, ao longo dos anos do Ensino Fundamental. Essas habilidades são trabalhadas de modo intencional, regular e sistemático, por meio da sessão +Atitude, presente em cada unidade de cada componente curricular, destacando uma habilidade socioemocioal e evidenciando, através de atividades, sua ligação com o assunto em pauta.
Veja a Matriz do SAS abaixo:
Tudo isso para reforçar que, cada vez mais, a formação do aluno vai além do aspecto intelectual, sendo fundamental ao indivíduo reconhecer e avaliar seus sentimentos e suas emoções como fator de sucesso e, até mesmo, de sobrevivência diante dos desafios do século XXI.
Gostou do conteúdo e quer saber mais sobre o que podemos fazer para auxiliar a formação integral do aluno na sua escola, clique no banner abaixo e fale com um de nossos consultores especializados!
Renato Gurgel
Com mais de 27 anos de experiência em educação, é professor, gestor de pessoas, palestrante, autor de livros didáticos e escritor. Atualmente, atua como diretor de Consultoria Educacional no SAS.
Deixe seu comentário