Atualizado em 12 de novembro | 2020 por SAS

O ensino remoto no Brasil, embora já seja uma realidade para muitas instituições de Ensino Superior, ainda está consolidando seu espaço na Educação Básica. Como uma novidade na rotina do aluno, esse novo modelo impõe diversos desafios que podem ser superados com o apoio de algumas competências da BNCC. 

Segundo atualização realizada pela Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) voltado para Educação e Cultura, cerca de 1,5 bilhão de estudantes ao redor do mundo chegaram a ter suas aulas presenciais suspensas ou reconfiguradas, por conta da COVID-19. O contingente representa mais de 90% de todos os estudantes do planeta. Com o avanço da pandemia ocasionada pelo Coronavírus, as instituições educacionais precisaram alterar sua forma de educar, considerando que isto é feito a muitas mãos (gestores, professores, família e educandos). 

E como fazer isso?  

Países como Japão e Holanda fazem parte do grupo de risco para desastres naturais, como terremotos e tsunamis, segundo Relatório de Risco Mundial 2018 (tradução livre para World Risk Report 2018). Eles não fazem parte do grupo mais vulnerável, entretanto, porque se preparam para momentos de crise, incluindo seu sistema educacional. Alguns países do mundo, como o Brasil, não estavam preparados para essa alteração na forma de realizar a Educação Básica. A urgência da crise nos obrigou a aprendermos rápido, mesmo sabendo que todos somos novatos no momento. 

Então, veio à tona o Ensino Remoto de Emergência (ERE – que é diferente do Ensino a Distância, ou EaD), tornando-se a principal forma de as instituições escolares continuarem a cumprir seu papel de educar os estudantes. Neste contexto, os desafios e dificuldades enfrentados diariamente por professores, alunos e famílias, são inúmeros. Nenhum desses agentes educativos esperava utilizar o Ensino Remoto de Emergência em seu cotidiano. 

Professores da Educação Básica não são experts em darem aulas gravadas ou ao vivo via plataformas on-line; alunos não estão acostumados a assistirem videoaulas longas; pais não são professores e, portanto, não possuem conhecimento pedagógico para fazer o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem no ensino remoto. Esses são alguns dos muitos desafios enfrentados pela comunidade escolar quanto ao novo formato (provisório e necessário) na Educação Básica. 

Na tentativa de propor alternativas e possibilidades, relacionamos esses desafios a algumas Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no desejo de ser um lampejo incandescente em meio à essa crise. 

Podemos destacar: 

  •  Comunicação:   

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, além de produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 

Professores têm se reinventado, trazendo, em suas aulas, diferentes linguagens para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos. Por exemplo, por meio de aulas com músicas, exercícios físicos utilizando materiais do dia a dia, mapas mentais construídos durante a problematização e sistematização dos conteúdos do Fundamental Anos Iniciais ao Ensino Médio. Tudo isso para, com eles, produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 

Na Educação Infantil, é possível realizar contação de histórias, utilizar recursos dramáticos, ter momentos de musicalização. Ter o momento da rotina ao menos uma vez por semana, retomando o calendário e os combinados, cantando as “músicas de bom dia”.  

O segredo está no tempo em que cada estratégia é utilizada. Na Educação Infantil, a roda de conversa com crianças de 3 anos não deve ultrapassar 30 minutos. Assim como a explicação do conteúdo não deve ultrapassar 20 minutos no Fundamental e no Médio, para seguir na resolução dos exercícios e proposição de projetos por mais 15 a 25 minutos. Precisão e atratividade são palavras de ordem. 

  • Cultura digital: 

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 

O uso de diversas plataformas tecnológicas tem sido o caminho utilizado por professores e alunos para efetivar a transmissão de conhecimento no processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, professores e alunos trabalham juntos e de forma remota pela internet, por meio de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA ou LMS, na sigla em inglês).  

Existem diversas ferramentas para videoconferência (Google Hangouts, Google Meet, Skype, Microsoft Teams, BigBlueButton, LifeSize, Zoom), de interação com estudantes (Pear Deck, Socrative, PadLet, Mentimeter, Google Forms), de gamificação (Eureka!, Kahoot!, ClassDojo, Habitica, Classcraft, Khan Academy), por exemplo. As possibilidades são muitas. 

Professores têm ministrado aulas on-line para suas turmas. Fica evidente que, de fato, a crise do coronavírus oferece uma chance de experimentar novas maneiras de fazer as coisas  e questionar velhos hábitos. 

Porém, surge uma dúvida: será que as instituições de ensino estão preparadas para apoiar centenas de professores e tutores que se deslocam rapidamente do modelo presencial para ensino remoto? E de engajarem os alunos em um novo mindset de aprendizagem? 

O SAS oferece, semanalmente, formação, via Webinars, PodCasts e Lives no YouTube, para professores e gestores. É uma excelente forma de ampliar o aprendizado desses agentes em cultura digital. A programação é compartilhada aqui. Além disso, a equipe de consultores pedagógicos está preparada para formar, apoiar, tirar dúvidas e propor estratégias personalizadas para cada escola, quanto ao ensino remoto. 

Estamos aprendendo dia após dia. A aula do dia seguinte será, certamente, melhor do que a anterior para ambas as partes. 

  • Empatia e cooperação:  

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, suas culturas e suas potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 

Todos os estudantes devem estudar e aprender num ambiente que seja saudável, seguro e livre de vieses ou discriminação. Devemos, neste momento tão crítico, desenvolver as habilidades socioemocionais de empatia e cooperação nos estudantes. 

Com as atividades concentradas em casa, será necessário desenvolver foco nas ações, o que tem efeito pedagógico não só para estudantes, mas para toda a família. Todos terão que aprender a conviver de maneira responsável e engajada: cuidando de si mesmo e do outro para um bem maior. São ações diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas, em dias tão difíceis.  

Essas habilidades socioemocionais são apresentadas quando se há distribuição de cestas básicas e alimentos para instituições e moradores de comunidade; demonstração de afeto para profissionais que lutam na linha de frente da pandemia em um hospital; o cantor que leva sua música para a sacada do prédio; arrecadação de material de primeira necessidade para abrigos da capital e brinquedos para as crianças; a diarista que continua recebendo o pagamento dos patrões, mas sem ter de sair de casa para trabalhar; fazer vídeos de agradecimento aos pais por confiarem na escola, com mensagens de esperança ou um simples sorriso dizendo “obrigado(a)” por estarmos juntos, mesmo que cada um na sua casa. 

Com essas ações, mostraremos aos estudantes como podemos ter um mundo melhor de se viver. 

  • Responsabilidade e cidadania: 

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 

Desenvolver, em estudantes, o senso da responsabilidade e cidadania em época de pandemia é mostrar-lhes que os deveres devem se sobressair aos direitos. Ou seja, o isolamento social deixou de ser uma decisão apenas para o cuidado pessoal e se tornou uma questão de responsabilidade coletiva. 

Mostrar aos estudantes o porquê da importância do isolamento social é uma tarefa bem difícil, já que as dificuldades apresentadas por este distanciamento social não foram escolhidas e, sim, impostas. Porém, é uma tarefa para todos: escola, professores, pais e amigos. É para um bem maior, é para contermos a disseminação do vírus e salvarmos vidas. 

Por isso, partilhar afazeres domésticos, contar histórias de como era bom na fazenda ou na casa da vovó, cuidar dos próprios brinquedos e materiais, ajudar a limpar a casa, usar máscara ao sair de casa mesmo para deixar o lixo, se disponibilizar a fazer as compras de pessoas idosas ou com problemas de saúde, compartilhar cultura e poesia, etc, são formas de exercitar essa cidadania. “É possível viver bem, enquanto não temos condições melhores para fazer melhor ainda”, já diria Mario Sergio Cortella. 

Outra dica importante é evitarmos as fake news diminuindo, deste modo, a crise de pânico e os efeitos da ansiedade. Sejamos responsáveis pela transmissão de informações verdadeiras. Devemos ensinar aos aprendizes que o consumo de notícias deve ser realizado com responsabilidade. Com isso, seremos capazes de tomar atitudes cada vez mais coerentes nesse cenário. 

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*Este artigo é fruto de uma cocriação entre Guilherme Caldas (Consultor Pedagógico do SAS) e Tatiany Bezerra (Integradora Pedagógica do SAS)