Você sabe o que é consciência fonológica? 5 questões básicas

Quem trabalha com Educação Infantil e alfabetização precisa entender o que é consciência fonológica. Afinal, essa habilidade é muito importante para o processo de aprendizagem de escrita e leitura das crianças.

Nos próximos tópicos, selecionamos informações importantes que vão ajudar você a melhorar sua atuação em sala de aula ou enquanto gestor de uma instituição de ensino. Venha com a gente!

O que é consciência fonológica?

Consciência fonológica é a capacidade de perceber os sons da fala e manipulá-los. Ou seja, é conseguir compreender que a linguagem oral é formada por várias estruturas fonéticas, que são as palavras, as sílabas e, por fim, os fonemas.

Essa habilidade inicia-se de forma inconsciente, quando as crianças são bem pequenas e começam a reproduzir o que as pessoas à sua volta falam. Todavia, para que ela se desenvolva efetivamente, precisa ser incentivada de modo formal, dentro da escola.

Por que a consciência fonológica é importante?

Trabalhar a consciência fonológica com as crianças é o primeiro passo para alfabetizá-las. Afinal, a partir da compreensão de que a linguagem oral é formada por sons, os pequenos conseguem, com maior facilidade:

·   compreender que uma frase tem várias palavras;

·   aprender sobre divisão silábica;

·   entender o conceito de fonema e identificá-los nas palavras;

·   misturar sílabas;

·   ler textos;

·   criar novas palavras, etc.

Quando a consciência fonológica não é tão bem desenvolvida, os alunos passam a apresentar dificuldades de leitura e, muitas vezes, de fala. Além disso, tendem a ter um desenvolvimento acadêmico inferior à média esperada para sua idade.

Portanto, é essencial que os professores e a equipe gestora das escolas desenvolvam um plano pedagógico focado no trabalho desse tipo de habilidade durante a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. 

Quais são os três tipos de consciência fonológica?

Quando falamos em consciência fonológica, estamos nos referindo a uma série de habilidades complexas.

Dessa maneira, é possível afirmar que esse tipo de percepção não se desenvolve de uma vez só, podendo ser subdividido em três níveis: consciência sintática, silábica e fonética. A seguir, vamos explicar cada uma delas de modo mais detalhado.

Consciência sintática

A consciência sintática é o primeiro estágio dentro da percepção e da identificação dos sons da linguagem. É aqui que se trabalha a sensibilidade auditiva, de modo que a criança comece a ter a percepção das palavras.

Assim, esse é o momento de mostrar para os pequenos que as frases são divididas em estruturas menores, e que cada uma dessas estruturas são representadas de modo separado. Para isso, vale a pena investir em canções e rimas.

Com o tempo, os alunos começam a identificar as palavras e perceber que elas podem ser combinadas dentro de uma frase.

Consciência silábica

Avançando na consciência fonológica, é preciso mostrar para as crianças que cada palavra é formada por sílabas e que estas possuem sons específicos. Isso é essencial para que o aluno avance no processo de aprendizagem e consiga trabalhar com a língua.

Assim, ele deve perceber que uma mesma sílaba pode aparecer em diferentes palavras e que é possível combiná-las para formar novos termos. Isso vai ampliar o conhecimento da criança.

Você, enquanto professor ou gestor, pode trazer propostas pedagógicas que envolvam a percepção de palavras que começam ou terminam com sílabas iguais e jogos de adição ou subtração de sílabas. 

Consciência fonêmica

A consciência fonêmica é o nível mais complexo dentro da consciência fonológica. Isso porque ela se refere à capacidade de identificar fonemas, ou seja, as menores unidades sonoras da língua.

Para realizar atividades nesta etapa, é indispensável que as crianças já estejam com as duas habilidades anteriores bem desenvolvidas. Afinal, quando falamos em fonema, estamos nos referindo a uma representação abstrata.

No cotidiano, o aluno não escuta o som do “r”, do “t”, do “n”, do “d” nem da maior parte das outras letras de forma isolada. Sendo assim, ele precisa ter uma boa percepção sonora para identificar esses fonemas dentro das palavras e das sílabas.

O professor e a gestão escolar devem ajudar as crianças a desenvolver essa habilidade trabalhando a chamada escuta atenta. Assim, elas podem identificar os fonemas que mais se repetem em uma frase, retirar o fonema de uma palavra e ver qual novo termo é formado, e assim por diante.

Como trabalhar a consciência fonológica?

Agora você já sabe o que é consciência fonológica e entende a sua importância para as crianças que estão aprendendo a ler e a escrever, que tal conferir alguns exemplos práticos de como desenvolver essa habilidade com os seus alunos? A seguir, selecionamos sete formas diferentes de trabalhar os sons da língua.

Percepção de sons

Como explicamos anteriormente, perceber os sons das palavras é o primeiro passo para a criança desenvolver a consciência fonológica. E a melhor forma de trabalhar essa percepção é por meio de músicas. Sendo assim, abuse das canções, parlendas e cantigas.

Músicas como “O sapo não lava o pé” são bons exemplos a serem utilizados, pois elas são curtas, trazem palavras simples e que rimam entre si. Assim, quando as crianças escutarem o som, ajude-as a notar como os ritmos combinam, como os sons se assemelham ou são diferentes.

Rima

A rima é ótima para o trabalho tanto de percepção de sons como de consciência silábica. Você pode utilizá-la com músicas, figuras, palavras no diminutivo etc.

Um exemplo bem simples para colocar em prática é:

·   selecione palavras como João, feijão, porão, anão, café, chulé, chalé, rata, pata, gata;

·   peça para as crianças colocarem juntos os termos que rimam;

·   peça para que elas digam quais sons são parecidos.  

Aliteração

A alteração caracteriza-se pela repetição de sons, letras ou sílabas em uma mesma frase. Sendo assim, fazer uso desse recurso de linguagem com os pequenos é uma ótima forma de desenvolver a consciência fonológica.

Como atividade prática, você pode apresentar para eles palavras que começam com o mesmo som (ex: suco, salada, saco, sanfona, cebola, semente, cimento). Note que não importa que as letras sejam diferentes, afinal a ênfase agora é no som.

Uma sugestão de atividade é pedir para as crianças baterem palma toda vez que ouvirem o mesmo som em uma frase ou texto que esteja sendo apresentado. Isso também vale para as sílabas.

Então, é possível selecionar palavras como cavalo, casaco, caixa, casa e mostrar que as sílabas iniciais são iguais. O mesmo ocorre no caso dos termos graveto, conserto, objeto, perfeito, que terminam com uma sílaba igual.

Já expressões como fofoca, arara e farofa são outras boas opções de serem usadas. Isso porque existe uma repetição bem visível de som e sílaba dentro de uma mesma palavra. 

Noção de frases

Para trabalhar com a ideia de frases, é importante estimular a criatividade dos alunos. Sendo assim, pegue uma figura, como um gato, por exemplo. E a partir daí, incentive-os a criar uma sentença tendo aquele elemento como personagem principal.

Dessa maneira, as crianças podem dizer “o gato bebe água”, “o gato corre” ou “o gato é preto”. Essas construções vão ajudá-las a perceber como as palavras se juntam de diferentes maneiras para expressar várias ideias.

Consciência de palavras

É bastante simples exercitar a consciência de palavras com as crianças. Uma maneira bem básica é pegar uma sentença curta, como “a bola é verde” e bater palmas para marcar o espaço de cada palavra.

Isso faz com que os alunos percebam erros de hipersegmentação e hipossegmentação. Ou seja, os erros de agrupar palavras e de separar expressões que gramaticalmente são juntas.

Consciência de sílaba

Existem diversas atividades que você pode utilizar para ajudar as crianças a perceber que as palavras são compostas por sílabas. Um exercício lúdico bem bacana é a trilha silábica.

Faça uma trilha, de giz, papelão, cartolina, etc., no estilo jogo de tabuleiro e coloque no chão. A seguir, ponha várias palavras em um saco e peça para a criança retirar uma aleatoriamente. A partir daí, ela deve andar no tabuleiro a quantidade de casas referentes ao número de sílabas da palavra.

Você também pode criar vários cartazes, cada um representando uma sílaba. Depois, basta montar diferentes palavras com os pequenos. O mais legal neste caso é que é possível mostrar a eles que uma sílaba pode sair de um termo para formar outro.

Ainda dentro dessa ideia de misturar sílabas, um trabalho um pouco mais complexo, mas muito construtivo, é pedir para as crianças identificarem palavras dentro de outras, como “fogo” dentro de “botafogo” ou “porta” dentro de “portaria”.  

Consciência de fonemas e grafemas

Trabalhar fonemas e grafemas, ou seja, o som e sua representação gráfica por meio da letra, é um pouco mais complexo. Assim, para realizar as atividades abaixo, é preciso que a criança já tenha um certo grau de consciência fonológica.

Na hora da aula, você pode pegar palavras que comecem com o mesmo fonema, como mosca, mochila e maçã, e trabalhar a pronúncia desses termos e suas similaridades. Junto a isso, pegue uma palavra que se inicie com um fonema diferente, como índio ou pente, e mostre aos pequenos a diferença do som.

Vale a pena também relacionar o som dos fonemas com aqueles feitos pelos animais. Assim, o sibilar da cobra lembra a pronúncia do /s/, o zumbido da abelha, a pronúncia do /z/, o rosnado do cachorro lembra o /r/ e assim por diante. 

Quais são os sinais de alerta quanto ao baixo desenvolvimento da consciência fonológica?

Como deu para notar, a consciência fonológica aciona diversas habilidades cognitivas na criança. Porém, nem sempre esse desenvolvimento é bem trabalhado na escola ou estimulado no ambiente familiar.

Nesses casos, é importante que o professor e a equipe de gestão estejam atentos para ajudar o aluno a superar possíveis dificuldades.

O sinais de alerta de que há falhas de consciência fonológica em crianças que estão na pré-escola são:

• fala tardia;
• problemas para pronunciar palavras de maneira correta;
• esforço intenso para decorar canções e rimas;
• linguagem de bebê (quando a linguagem da criança não se desenvolve).

No caso dos alunos que estão no 1º ano do Ensino Fundamental, os indícios são:

• dificuldade em ligar a letra ao seu respectivo som;
• problemas de leitura;
• muitos erros ortográficos;
• problemas para dividir as palavras em sílabas;
• dificuldade de diferenciar os sons de palavras similares, como vaca e faca.

Dessa maneira, caso perceba qualquer um desses problemas em seus alunos, converse com os pais e com a coordenação para juntos verificarem a melhor maneira de ajudar a criança.

E para contribuir com esse processo, você pode contar ainda com a consultoria pedagógica do SAS Educação.

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