Atualizado em 1 de junho | 2021 por
As metodologias ativas têm, como sua principal função, formar um aluno autônomo, ativo e construtor do seu próprio conhecimento. Desta forma, o professor exerce um papel de facilitador enquanto o estudante está situado no centro do processo de aprendizagem.
Para saber mais sobre essa importante metodologia, quais os seus benefícios e como utilizá-la na sua instituição de ensino, continue com a leitura.
O que são as metodologias ativas?
As metodologias ativas colocam o aluno como sujeito ativo, se opondo à postura de passividade e assumindo, assim, um papel vigoroso dentro do ensino proposto.
Retomando, rapidamente, o histórico do ensino, ainda na primeira revolução industrial, de 1760 a 1850, os formatos de ensino começaram a ser desenhados, seguindo as diretrizes de:
- Extrema disciplina;
- Professor detentor do conhecimento;
- Alunos passivos e adeptos ao sistema de decorar conteúdos.
Esse modelo de ensino permaneceu ativo por muitos anos. Porém, hoje em dia, é necessário uma nova metodologia, tal como as metodologias ativas, que propõem mais do que a absorção do conhecimento, mas também o uso efetivo do mesmo em tarefas reais do dia a dia.
Portanto, essas metodologias surgem para desconstruir esse padrão tradicional e tornar o ensino mais próximo das demandas de aprendizagem. Algumas características da metodologia ativa são:
- A linguagem utilizada é mais próxima da realidade dos estudantes;
- O professor é facilitador da construção de conhecimento e não mais a fonte detentora do saber;
- Os alunos constroem o seu aprendizado, assumindo uma postura de autonomia e de responsabilidade.
Freire já trazia em suas pesquisas a necessidade de reinventar o ensino dentro das salas de aula, trazendo uma educação com mais diálogo e focando na aprendizagem e motivação do aluno, sendo essa, uma das propostas das metodologias ativas.
Quais os benefícios em trabalhar com as metodologias ativas?
As metodologias ativas têm potencial para proporcionar benefícios para a escola, o aluno e o professor ao mesmo tempo.
O trabalho com metodologias ativas potencializa tanto o currículo do profissional, quanto o desenvolvimento do aluno, conforme mencionado acima. Portanto, veja quais os benefícios proporcionados aos diferentes grupos:
Benefícios ao aluno
Olhando sob o aspecto dos alunos, a metodologia ativa permite ao estudante selecionar o formato de ensino mais eficiente para ele, por meio de experimentações de métodos.
Dessa forma, os benefícios ao aluno são:
- Conquista de autonomia;
- Engajamento e motivação do aluno;
- Construção de autoestima e confiança;
- Promoção do respeito, da criatividade, do autoconhecimento e da paciência.
A partir dos resultados, a escola que aposta na abordagem das metodologias ativas, certamente, terá um diferencial competitivo no mercado, pois inova ao dialogar com um público que prefere formatos mais atuais de ensino, além de preparar melhor os alunos para o mercado de trabalho e atuação na sociedade.
Consequentemente, pais e alunos permanecem mais satisfeitos e, na escola, há maior retenção e captação de alunos, assim como um bom funcionamento enquanto equipe.
Benefícios ao professor
O papel do professor nesse contexto é fundamental. É ele quem guia e constrói trilhas de aprendizagem que vão envolvendo os estudantes, por meio de diferentes atividades.
Vendo o retorno positivo dos alunos, a motivação se faz presente em ambos os lados. Além disso, um currículo diversificado e inovador é mais atrativo, pois oferece as possibilidades de experiências pedagógicas e desenvolvimento de habilidades importantes para a formação do cidadão.
Tipos de metodologias ativas
Existem diferentes tipos de metodologias ativas, opte por implementar na escola aquela que melhor combina com o perfil dos alunos, potencializando os resultados positivos.
As metodologias ativas podem ser aplicadas e vivenciadas de diferentes formas. Veja abaixo as mais utilizadas:
- Aprendizagem baseada em problemas (PBL)
Apresentar um problema e os meios para solução é o foco da metodologia ativa baseada em PBL. Por meio dela, os alunos tornam-se mais críticos e analíticos na busca por soluções dos problemas, trabalhando de forma interdisciplinar e agregando práticas em torno das disciplinas e conteúdos já estabelecidos no currículo escolar.
- Aprendizagem baseada em projetos (ABP)
Nesse modelo de metodologia ativa, os estudantes trabalham em um projeto por um período maior, a fim de responder questões formuladas no início da pesquisa e que carecem de respostas.
O objeto de pesquisa permeia em torno de um desafio ou problema que, normalmente, possui algum impacto dentro ou fora da escola. Deve ser realizada uma investigação sustentável, garantindo caráter crítico e reflexivo. O projeto deve ser posto à vista da sociedade, seja em um blog ou mostra científica na instituição de ensino.
Um bom exemplo é trabalhar em um projeto sobre a sustentabilidade, que pode envolver toda a comunidade escolar, compartilhando ideias dentro e fora da internet.
- Aprendizagem por pares (TBL)
Criada na década de 1990 pelo professor Eric Mazur, essa abordagem de metodologias ativas permite que os alunos trabalhem em pares e discutam as resoluções das questões abordadas pelos professores, promovendo a interação e troca de ideias.
Uma grande vantagem é o feedback rápido, no qual o docente pode avaliar de imediato a compreensão dos estudantes frente ao conteúdo visto. A partir das respostas individuais, é feita a revisão e a discussão dos alunos em pares, então os estudantes elaboram novas e mais completas respostas sobre as questões feitas pelo professor que, seguidamente, irá avaliar se os objetivos foram atingidos ou se é necessário retornar ao conteúdo.
Outras soluções que fazem parte das metodologias ativas são aquelas que envolvem a tecnologia na educação, tais como:
- Gamificação – ensino híbrido: Essas soluções trazem elementos de jogos para contextos reais. Na gamificação o engajamento e a motivação são nítidos quando trabalhados com os alunos, pois a competição saudável entre eles é extremamente estimulante.
- Sala de aula invertida: A sala de aula invertida também trabalha com o cooperação ativa do aluno. O professor lança antecipadamente os conteúdos a serem estudados, o aluno busca se apropriar daquele conhecimento, trazendo à sala de aula atividades pré-estabelecidas sobre o assunto a ser aprofundado.
É possível trabalhar com metodologias ativas no ensino híbrido?
Sim, é possível, pois as metodologias ativas estão presentes tanto na modalidade presencial quanto na digital.
O ensino híbrido já é uma tendência declarada na educação brasileira, porém, para intensificar e partilhar mais formas de implementar as metodologias ativas nesse formato de ensino, é preciso uma imersão, não apenas no que a tecnologia pode oferecer, mas focando nas habilidades, competências e possibilidades de construção de conhecimentos tanto de alunos como de professores.
É possível adaptar e proporcionar a experiência das metodologias ativas dentro do ensino híbrido, de acordo com as premissas da escola, do currículo e tendo sempre claros os objetivos.
Como aplicar as metodologias ativas na escola?
Para que haja qualidade na aplicação, é preciso entender bem o que é metodologia ativa e, além de estruturar o currículo, os espaços físicos precisam estar estruturados para sofrer as devidas transformações, como a criação de um espaço maker, onde é destinado um local específico para a criação de projetos e demais atividades que possam englobar as metodologias ativas.
O processo de mudança também exige uma dedicação especial para que os professores se sintam confiantes e tenham todo o apoio pedagógico necessário para atuarem como os grandes agentes responsáveis pela mudança.
Para além do espaço, algumas atividades específicas podem envolver mais os estudantes, tais como:
- Projetos;
- Debates;
- Dramatizações;
- Discussões em sala de aula;
- Estudos e pesquisas de caso;
- Trabalhos colaborativos em pares ou grupos.
Segundo o psiquiatra e pesquisador americano William Glasser, o aprendizado ocorre quando fazemos algo, não apenas com memorizações, por isso, as atividades mencionadas acima são destinadas a ações.
Desta forma, professores do mundo inteiro estão se aproximando da teoria de Glasser para fins pedagógicos, seguindo a pirâmide da aprendizagem:
Analise e veja qual a melhor forma de aplicação para você e seus alunos. Mas considere que atividades mais ativas, como discutir, praticar e ensinar são de 70% a 95% mais eficazes.
Possíveis dificuldades na implementação
Como em qualquer mudança, pode haver alguns impasses na aplicação das metodologias ativas dentro da instituição de ensino. São estes os mais comuns:
- Resistência por parte dos docentes ao agregar novas formas de trabalho, afinal, mudanças geram desconforto nem todos possuem uma boa aceitação;
- Cronograma escolar com pouca flexibilidade para aplicação e teste das metodologias ativas;
- A interferência da família, que desconhece o que são metodologias ativas e seus reais benefícios. Como foram educados em formatos tradicionais, podem ser resistentes em aceitar uma educação distinta a que receberam, questionando sua eficiência. Cabe à escola fazer um trabalho direcionado a todas as famílias, para que sejam esclarecidas todas as dúvidas.
- A direção da escola precisa estar apta a aderir ao novo formato de trabalho e direcionar para o setor pedagógico e os demais setores a execução do plano de ação para colocar em prática. As resistências que possam ocorrer pela equipe diretiva também precisam ser diluídas para que o projeto de implementação vá bem.
Visto todas essas informações, pondere os benefícios e dificuldades, desta forma, será possível implementar com sucesso a metodologia ativa e se organizar para isso.
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