Atualizado em 22 de junho | 2021 por
Faz parte da rotina dos professores definir os objetivos de aprendizagem em seu plano de aula, a fim de garantir que sejam compreendidos pelos alunos. Entretanto, para conseguir isso é preciso, primeiro, que as ferramentas de avaliação dos alunos sejam compatíveis com as metas.
Nesse sentido, muito educadores utilizam a taxonomia de Bloom.
Conhecida, também, como a taxonomia dos objetivos educacionais, a taxonomia de Bloom é uma estrutura de organização hierárquica de objetivos educacionais, que auxilia educadores e gestores na avaliação do aprendizado dos alunos.
Para potencializar o processo de ensino e aprendizagem na sua escola e entender melhor o conceito da taxonomia de Bloom, continue a leitura !
O que é a taxonomia de Bloom?
A taxonomia de Bloom é compreendida como um sistema capaz de fazer um ordenamento e classificação do aprendizado dos alunos. Esse instrumento é resultado do trabalho de uma equipe mundidispilinar, liderada pelo psicólogo e pedagogo Benjamin S. Bloom, na década de 1950.
Os estudos realizados pela equipe de Bloom chegaram à conclusão de que as operações mentais podem ser classificadas em níveis de dificuldade crescente, da mais simples à mais complexa.
Dessa forma, a taxonomia de Bloom se baseia na ideia de que, para um aluno adquirir uma nova habilidade do próximo nível, é preciso que ele tenha dominado o conhecimento do nível anterior.
Para hierarquizar esses níveis, a taxonomia de Bloom definiu três domínios necessários para que a apropriação do conhecimento aconteça: Cognitivo; Afetivo e Psicomotor.
Cada domínio tem suas especificidades e aprofundamentos, chamados níveis, que são orientados por objetivos e verbos de ação, conforme veremos mais adiante. É válido enfatizar que o domínio cognitivo é o mais conhecido e utilizado nas escolas.
Por causa dessa estrutura, a taxonomia de Bloom é considerada mais que um modelo de classificação, mas um instrumento que organiza, de forma hierárquica, os processos cognitivos, de acordo com níveis de complexidade e objetivos de aprendizado.
Quais os objetivos da taxonomia de Bloom?
No dia a dia, nem sempre é uma tarefa fácil analisar quais competências e habilidades o aluno, de fato, conseguiu desenvolver. Porém, com a taxonomia de Bloom, os educadores conseguem ter mais controle dos objetivos educacionais e das estratégias pedagógicas necessárias, até mesmo, para mudar pontos específicos no plano de aula, quando necessário.
A taxonomia de Bloom também tem como objetivo auxiliar os alunos a criar um pensamento crítico e aprofundado na resolução dos problemas, incentivando sua autonomia.
Por exemplo: o aluno entender um fato da disciplina de matemática de maneira simples, até conseguir fazer abstrações mais complexas, passando a dominar um conceito e ser capaz de aplicá-lo sozinho.
Tabela de Bloom
A tabela de taxonomia de Bloom é um esquema que organiza a relação das dimensões do processo cognitivo e seus níveis, com as habilidades e competências almejadas, assim como 5 verbos de ação.
Os educadores a utilizam como modelo para elaborar o plano de aula e traçar as melhores estratégias para cumprir os objetivos educacionais. Na tabela abaixo, estão alguns exemplos de como essa organização é feita.
Na primeira coluna, do lado esquerdo, estão os níveis referentes ao domínio cognitivo. Já na coluna do meio, aparecem as definições que o nível exige do aluno, em termos de aprendizado. E na última coluna, ficam as ações atribuídas aos objetivos de aprendizagem .
Conheça os níveis da taxonomia de Bloom
A taxonomia de Bloom possui níveis diferentes para cada um dos domínios já citados nesse artigo. Acompanhe, a seguir, todos os níveis da taxonomia de Bloom, de acordo com o domínio correspondente:
Domínio cognitivo
De acordo com a taxonomia de Bloom, o domínio cognitivo está relacionado com a capacidade intelectual do aluno de adquirir um novo conhecimento e dar sentido às informações que recebem. Os objetivos desse domínio foram agrupados em seis níveis:
- Lembrar: envolve a capacidade de reconhecer, memorizar e lembrar de fatos, ideias, termos e conceitos;
- Entender: com os conhecimentos adquiridos na etapa anterior, o aluno consegue interpretar o conteúdo e associá-lo a outros contextos;
- Aplicar: refere-se à habilidade de aplicar as informações recebidas para a resolução de um problema;
- Analisar: aqui, o estudante é capaz de analisar e comparar partes do conteúdo, levantar hipóteses para a solução, observando todas as variáveis, para entender a estrutura do problema;
- Sintetizar: envolve a percepção de todos os fatores que compõe um problema e a capacidade de combinar informações para resolvê-lo;
- Criar: nesse nível, o estudante consegue avaliar, de forma crítica, toda a estrutura do problema;
Domínio Afetivo
O domínio afetivo diz respeito à maneira como o aluno lida com sentimentos e emoções. Na taxonomia de Bloom, esse domínio tem o papel de estimular o estudante a se envolver emocionalmente com o conteúdo. Esse domínio possui cinco níveis:
- Recepção: tomada de consciência das emoções e atitudes, tanto próprias, quanto de outras pessoas;
- Resposta: os alunos reagem aos estímulos recebidos na etapa anterior e participam ativamente do seu processo de aprendizagem;
- Avaliação: o aluno atribui valor às informações e fenômenos, a partir de conhecimentos internalizados e que já fazem parte do seu repertório intelectual;
- Organização: capacidade de administrar e priorizar suas ações com uma compreensão maior;
- Caracterização: Após a apreensão de todas as etapas anteriores, o aluno consegue se apropriar dos conhecimentos, tornado-os valores e crenças.
Domínio Psicomotor
Os objetivos de aprendizado do domínio psicomotor estão relacionados às habilidades físicas que ajudam o aluno a adquirir novos conhecimentos, como a manipulação de objetos com as mãos. Esse domínio também possui cinco níveis:
- Percepção: é a tomada de consciência do mundo externo, a partir dos cinco sentidos do corpo;
- Predisposição: é a demonstração de que os alunos estão preparados nos âmbitos mental, físico e emocional, para realizar as atividades propostas;
- Resposta guiada: é quando o aluno consegue tomar atitudes orientadas pelo professor, em um primeiro momento, para, depois, seguir com autonomia;
- Resposta mecânica: os alunos passam a tomar atitudes automáticas depois de se habituarem às ações guiadas;
- Resposta completa e clara: nesse nível, os alunos são capazes de realizar as ações sem precisar de ajuda.
Última versão da taxonomia de Bloom
Desde a primeira divulgação da taxonomia de Bloom, em 1950, algumas adaptações foram feitas, com o intuito de aprimorá-la. A última revisão foi feita em 2001 por um grupo de especialistas da área de educação e da psicologia cognitiva.
A taxonomia de Bloom revisada modificou os nomes das categorias do domínio cognitivo que estavam em forma substantivos (Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese e Avaliação) para verbos de ação (Conhecer, Entender, Aplicar, Analisar, Avaliar e Criar), explicados anteriormente.
Também houve mudança na estrutura dela. Antes construída, apenas, sob uma dimensão (no tipo de conhecimento), a estrutura da taxonomia de Bloom passou a ser bidimensional, com foco também no processo cognitivo. Cada dimensão foi subdividida em categorias: factual, conceitual, procedimental e metacognitiva.
Modelo de aplicação da taxonomia de Bloom
É possível aplicar a taxonomia de Bloom na construção de aulas, nas avaliações e exercícios desenvolvidos em sala de aula. O educador também pode utilizar os três domínios ou, apenas, o mais utilizado, que é o cognitivo.
Para começar, o professor deve determinar o nível que pretende exigir do aluno em uma determinada disciplina. A partir daí, o docente pode fazer perguntas técnicas que identificam quais os objetivos traçados devem ser assimilados ao final da aula ou do exercício, por exemplo:
- Pergunte “O quê?”: quais são as habilidades que precisam ser trabalhadas durante a aula, o que esse estudante precisa ser capaz de fazer ou compreender;
- Pergunte “Como?”: quais são os procedimentos e metodologias necessários para transmitir o conhecimento e atingir os objetivos traçados;
- Pergunte “Para quê?”: estabelece uma relação do conhecimento com questões cotidianas e outras áreas, dando um sentido e motivação para a necessidade de apropriar-se dele.
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