Atualizado em 28 de setembro | 2020 por SAS

Em live exclusiva para escolas parceiras do SAS, o filósofo, escritor e professor, Mario Sergio Cortella*, reflete sobre o contexto atual das escolas da Educação Básica, que tiveram suas rotinas e modus operandi impactados pelo isolamento social.  

O contexto atual das escolas causado pela COVID-19, que levou milhares de instituições a paralisarem o ensino presencial em todo mundo, tem despertado diversas discussões sobre os rumos da Educação Básica. Segundo dados da Unesco, por conta da interrupção das aulas presenciais, cerca de 1,5 bilhão de estudantes tiveram suas rotinas impactadas e precisaram recorrer à tecnologia e ao estudo remoto, para manterem os estudos em dia. Só no Brasil, 48 milhões de estudantes foram mandados para casa, e, sem quase nenhum planejamento, cerca de 63 milhões de professores tiveram que se adaptar a um novo formato de ensino. Para refletir sobre os efeitos e oportunidades deste momento histórico na Educação, o SAS convidou o filósofo, professor e escritor Mario Sergio Cortella, para um bate-papo virtual. A conversa, exclusiva para escolas parceiras do SAS, foi transmitida ao vivo pela plataforma Zoom no dia 27 de maio, e contou com a mediação da diretora de Consultoria Educacional, Carolina Milério. 

Em quase três meses de distanciamento social, escolas, famílias, alunos e educadores tiveram que lidar com diversos desafios, desde novas formas de se relacionar, até novas ferramentas de aprendizado, em um momento que exige de todos mais empatia e colaboração. Nesse sentido, Cortella ressalta que, embora muitas das atividades com as quais estávamos acostumados tenham sido interrompidas, o mundo não parou. Pelo contrário, ele encontrou uma nova forma de continuar. 

“Algumas pessoas me perguntam: poxa, mas e agora que o mundo parou? Não, não parou. Parou um dos modos de viver no mundo. Um dos nossos sistemas de ser mundo, mas o mundo não parou. Dessa forma, a Educação escolar e nossa atividade de partilha, de conhecimentos, de valores, de técnicas e de convivências, persistem.” 

Segundo ele, a pandemia nos apresentou uma forma diferente de viver, mas não totalmente diferente, pois, enquanto educadores, devemos ser guiados por nossos valores, propósitos e metas, que nos dão uma noção de onde queremos chegar. “Sim, a pandemia mexeu com a Educação escolar, mas não a transtornou. Só mudaria completamente de rota e direção, se nós não pudéssemos lidar de forma alguma com aquilo que a escolaridade nos coloca como tarefa e como exercício”, reforça. 

“Mudou, mas não mudou tudo. Nada voltará exatamente como estava, mas também, nada será completamente inédito, como foi antes desse momento pandêmico. Daí, que de fato, só restam duas opções nesse momento: ou senta e chora, ou levanta e enfrenta.” 

No contexto atual das escolas, ao refletir sobre o papel da família, que precisou se envolver mais no processo de ensino-aprendizagem do aluno do que estava habituada, o filósofo e professor esclarece: “a família não está substituindo a escola, ela está complementando. Assim como a escola não substitui a família, a família não substitui a escola. Elas se complementam.” 

“Essa nova forma de lidar com a educação escolar trouxe um impacto forte nas relações de convivência, trazendo a família de um modo diferenciado para dentro do processo de escolarização, com uma eventual participação no cotidiano das crianças e dos jovens, com a qual ela não tinha familiaridade. Aqui, uma comunicação clara e transparente entre escolas e famílias é fundamental. Mais do que nunca, é preciso haver empatia entre as partes.” 

Quanto ao retorno das aulas presenciais nas escolas, que, no Brasil, já começa a ser estudado para um futuro breve, Cortella aponta para a importância da escola como um local, não apenas de trocas de conhecimentos, mas, sobretudo, de apoio socioemocional entre educadores, alunos e famílias. “A volta será mais difícil, vamos ter que lidar com alunos e professores que podem ter perdido alguém, que podem ter passado por algum tipo de luto, não só luto de pessoas, mas de outras perdas que podem ter representado uma experiência traumática”, afirma. 

E os desafios para as escolas não param por aí. Cortella reflete, ainda, sobre o papel da tecnologia na rotina das escolas durante e após a retomada das aulas, ressaltando que ela não deve ser vista como uma ferramenta substitutiva, mas como um apoio importante para que os educadores continuem exercendo sua missão, durante e no pós-pandemia. “Não é a tecnologia que moderniza uma cabeça pedagógica, é que uma cabeça pedagógica não dispensa a tecnologia, quando ela é inteligente”, finaliza. 

Os encontros virtuais SAS On-line fazem parte das diversas iniciativas do SAS, que vem, desde março, buscando formas para minimizar o impacto da pandemia na Educação Básica, com conteúdos on-line gratuitos para estudantes, educadores e gestores escolares. Além de Mario Sergio Cortella, o SAS já contou, em encontros anteriores, com ilustres participações, como a do historiador e professor Leandro Karnal, o escritor e navegador Amyr Klink, o educador Clóvis de Barros Filho, e o filósofo e sacerdote Pe. Fábio de Melo, que trataram de diferentes aspectos do isolamento social e dos seus desafios para a Educação e para as famílias. A programação de lives e outros conteúdos promovidos pelo SAS é compartilhada semanalmente aqui

*Nascido em Londrina, Mário Sérgio Cortella é filósofo, escritor e palestrante, com Mestrado e Doutorado em Educação, e professor-titular da PUC-SP. Ao todo, possui mais de 40 obras escritas, sendo considerado nacionalmente como um dos pensadores contemporâneos mais celebrados da atualidade.  

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