Atualizado em 7 de abril | 2021 por SAS

A educação antirracista é um tema que vem ganhando destaque nos últimos anos, principalmente com as necessidades de revisitar e rever o papel da escola no combate ao racismo. O tema não é simples e demanda uma atitudes precisas das instituições de ensino.

Mas você sabe o que significa educação antirracista? Consegue identificar quais atitudes das escolas podem colaborar com essa proposta?

É para te ajudar a entender e aplicar uma postura de combate ao racismo na escola que produzimos este artigo. 

Aprenda de uma vez o significado do termo e confira dicas práticas para ter uma escola antirracsita, com medidas efetivas e uma educação transformadora. Continue a leitura!

O que é educação antirracista?

É um modelo (e uma postura) de educação que compreende que o racismo não é uma situação isolada da estrutura social e, dessa forma, promove uma educação crítica para que os alunos consigam identificar o racismo na estrutura da sociedade e possam se colocar contra a perpetuação desse sistema.

Com a educação antirracista, a escola consegue ampliar o debate sobre as questões raciais, mapear e atuar nas atitudes e comportamentos racistas e disseminar um discurso de igualdade, respeito, diversidade, cidadania e reparação histórica. A escola passa a ter um papel ativo na discussão de questões silenciadas há muitos anos, e na promoção de autores e autoras negros, dando voz e espaço nos processos de ensino-aprendizagem.

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O racismo estrutural

Para entender a importância da educação antirracista, é necessário um olhar para a história de formação da sociedade brasileira. Quando falamos que o racismo que opera no Brasil é um racismo estrutural, fazemos referência à forma como a escravidão – e todo o modelo social e econômico de sua época – impactou (e impacta) no direito de pessoas negras à cidadania e igualdade. Vivemos em uma sociedade estruturada com base no racismo.

Nesse sentido, racismo estrutural é o conjunto de práticas discriminatórias e a naturalização de comportamentos que promovem o preconceito racial e que privilegiam uma raça em detrimento de outras.

A escola tem um grande papel na formação das pessoas, por isso, deve atuar como uma aliada essencial da redução das desigualdades e do racismo.

Por que a escola deve promover a educação antirracista?

A escola tem uma oportunidade indispensável de trabalhar temáticas sociais na formação das pessoas. Se partirmos do ponto que a falta de conhecimento e o desrespeito começam em algum momento da infância, a escola aparece como uma aliada essencial aos processos de reparação social, de redução das desigualdades e, nesse caso, de combate ao racismo estrutural.

É na escola que temos contato com outras realidades, com discursos e modos de vida diferentes e temos a oportunidade de observar o mundo com respeito. Além disso, as questões do racismo podem ser debatidas e refletidas com tempo e profundidade. Isso, porque nem toda atitude racista é pensada e nem todo racismo estrutural é identificado com facilidade – são ações conscientes e inconscientes, evidentes e singelas. Então, é preciso conhecimento para que a formação dos cidadãos seja cada vez mais promotora de igualdade.

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Educação antirracista: o que a escola pode fazer? 

Listamos alguns comportamentos e algumas atitudes que a escola precisa colocar como prioridade quando o assunto é ter uma postura antirracista. De imediato informamos: a educação antirracista envolve decisões pedagógicas e de gestão, que surtam efeitos reais na formação dos alunos. 

Confira:

Equipe diversa e preparada

O primeiro passo para pensar uma educação antirracista é ter uma equipe diversa. Não adianta falar de diversidade, igualdade e representatividade se na escola apenas pessoas brancas ocupam cargos de gestão ou professores. Ter uma equipe diversa é essencial para que o ensino amplie seus horizontes, para que famílias negras se sintam acolhidas e representadas na instituição e para que essas pautas sejam aprofundadas com profissionais que estão nesse lugar de fala.

Além disso, todos os profissionais da escola precisam de capacitação para lidar com situações de racismo, promover uma educação antiracista, escolher bibliografias de autores negros, promover debates e identificar situações atravessadas pela questão racial. Por isso, invista sempre na formação continuada e na qualificação dos profissionais da sua instituição – isso impacta diretamente na qualidade do ensino.

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Descolonizar o currículo

As bibliografias das escolas precisam de revisão! É preciso ter representatividade e diversidade nos materiais didáticos, de modo a promover uma educação transformadora. Muitos livros ainda são escritos por pessoas brancas que continuam contando a história de formação social do Brasil por uma perspectiva colonial, apagando as narrativas dos povos originários e negros.

Esse ponto é muito relevante porque crianças negras precisam ter uma visão das suas origens que ultrapassem o recorte do sofrimento da escravidão. Outras narrativas precisam ser contadas, de modo a enriquecer o debate sobre cultura e história afro-brasileira e africana, como já prevê a Lei 11.645/08 (antiga Lei 10.639/03).

Para mais, as bibliotecas devem conter livros com narrativas de personagens negras e escritos por autoras e autores negros. Não faltam opções de histórias que valorizam as vivências e culturas afro-brasileira e africana.

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Ter postura firme em casos de racismo

Não adianta querer que não exista racismo e fingir não reconhecer ou tapear as situações que acontecem na sua escola. O racismo precisa ser reconhecido e combatido, e, nesse sentido, a escola deve ter postura firme e tomar medidas efetivas para combater esse tipo de violência.

Uma postura interessante é criar um comitê antirracismo para debater qualquer situação sobre um tema, além de um estatuto bem definido para atuar nessas situações.

Atitudes desse tipo são importantes para dar segurança às famílias de pessoas negras e/ou de pessoas que têm posturas antirracistas. Muitos pais exigem isso ao escolher uma escola para seus filhos. Dessa forma, é preciso mostrar eficiência nas posturas da instituição

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Oferecer apoio e informação para as família

Além dos elementos citados acima, é importante que as escolas se mostrem acolhedoras e atuantes para que os pais tenham com quem contar caso seus filhos sofram racismo na escola. O objetivo é sempre evitar que esse tipo de violência aconteça dentro da sua instituição, mas caso ocorra, coloque-se à disposição para resolver a situação e reparar o ocorrido.

Para mais, a escola pode criar campanhas e ações para informar os pais sobre os temas que fazem parte do universo da educação antirracista e promover debates e discussões enriquecedoras para a formação das crianças e das famílias. Essa é mais uma forma de dar retorno de uma ação efetiva da instituição em combate ao racismo e na educação antirracista.

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Transformar a escola em um espaço acolhedor

Os alunos devem se sentir acolhidos e respeitados na instituição. A escola é, historicamente, um espaço traumatizante para muitas pessoas negras e é nosso papel mudar essa realidade. A educação antirracista fala também sobre a valorização de corpos negros, acolhimento e criação de um sentimento de pertencimento aos espaços acadêmicos.

Por muitos anos, pessoas negras se viram excluídas ou impossibilitadas de pertencer aos espaços de construção de saberes, como escolas e universidades. E esse histórico ainda é uma questão para alguns jovens. Nesse sentido, a escola precisa construir um espaço que promova uma educação que valorize esses corpos e que incentive seus avanços na vida escolar.

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Consciência negra é pauta para o ano inteiro!

Com todas essas informações, é possível identificar que trabalhar a questão racial e, em especial, a educação antirracista não é uma pauta exclusiva do Dia da Consciência Negra, em novembro. Esse é um tema que precisa permear todo o currículo, se fazer presente e relevante no PPP da escola, e ser promovido durante todo ano – com ações temáticas ou com posturas singelas, como algumas citadas acima.

Torne sua escola um espaço de respeito, de luta contra desigualdades e de formação de cidadãos preparados para construir uma sociedade igualitária. As escolas precisam compreender que o racismo precisa ser chamado pelo nome e encarado, para que esse tipo de violência não esteja presente na sociedade e no processo de formação das pessoas.

Quais medidas sua escola tem tomado para promover uma educação antirracista? Compartilhe com a gente nos comentários!