Atualizado em 21 de junho | 2021 por
É na primeira infância que as bases da cognição afetiva são construídas. Auxiliar as crianças no no gerenciamento das emoções e sentimentos é contribuir para a constituição de um adulto intelectualmente e emocionalmente mais preparado para enfrentar os desafios da vida.
A escola é um espaço que não é composto, apenas, por conteúdos acadêmicos, possuindo papel central na construção da inteligência emocional do aluno. Nos acompanhe nesta leitura para compreender como a afetividade na educação infantil pode beneficiar a formação das crianças. Confira!
O que é afetividade na educação infantil?
É entre os 0 a 5 anos de idade, período denominado primeira infância, que os pequenos constroem suas bases de cognição, sejam elas motora, ética, social ou emocional.
A comunicação emocional existe desde os primeiros meses de vida, expressada pelo sorriso e o choro, por exemplo, enquanto a fala não se desenvolve. Piaget (1961) afirma que o sujeito é composto de desenvolvimento cognitivo e afetivo como sendo dois pontos inseparáveis. Nesse sentido, a afetividade na educação infantil colabora na constituição de um ser humano íntegro e com maior competência emocional para resolver conflitos e enfrentar os desafios da vida.
Vygotsky (2003), em seus estudos, tratava a afetividade existente entre o professor e o aluno como algo fundamental para a construção de conhecimento em ambiente escolar. Portanto, o docente precisa estar com o seu emocional equilibrado para que isto aconteça de fato.
A seguir, veremos o que realmente é a afetividade na educação infantil e o que não está relacionado a isso, na etapa da primeira infância.
O que é afetividade na educação infantil?
A afetividade na educação infantil se preocupa em construir um indivíduo sócio-afetivo que busca sua autonomia, reconhecendo seus próprios interesses e desejos.
Freire (1989, p. 170) afirma que “a afetividade é o território dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transita medo, sofrimento, interesse, alegria”. Dessa forma, é possível afirmar que famílias e educadores são peças essenciais nesse processo de construção da educação afetiva.
Para que o processo educativo seja íntegro e verdadeiro, a afetividade na educação infantil deve estar presente para proporcionar uma relação mais próxima entre as crianças e aqueles que fazem parte do convívio, interferindo na constituição de sua personalidade.
Para o educador, a promoção de atividades que envolvam a reflexão de valores emocionais é uma forma de reforçar a afetividade na educação infantil. Quanto mais se semeia, se vivencia e se discute a importância do que sentimos, maior o impacto para a formação de um cidadão com uma vida emocional mais equilibrada.
O Referencial Curriculares Nacional para a educação Infantil (RCNEI) constitui a afetividade na educação como uma das premissas: “As instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. (BRASIL, 1998, p.15).
De acordo com esse texto, a proteção e o acolhimento devem estar presentes no ambiente escolar em que a criança é inserida. Portanto, é fundamental a presença do afeto na relação entre gestores, professores e demais profissionais, para que os alunos se sintam seguros e bem-vindos dentro da instituição de ensino.
E o que não é afetividade na educação infantil?
A afetividade na educação infantil não é somente abraçar as crianças, extravasando um sorriso. Não que tais ações não tenham importância, mas vai muito além disso. É construir, no cotidiano, uma relação emocional com os alunos que envolve disponibilidade, escuta e um envolvimento de corpo inteiro.
Estar dentro da sala de aula apenas reproduzindo as atividades pedagógicas e construindo conhecimentos acadêmicos de maneira gentil e simpática não representa toda a afetividade na educação infantil.
É necessário trabalhar a fundo e nomear as emoções e sentimentos, conduzir os conflitos, criar laços de confiança, amor, respeito e fomentar valores, como a empatia e solidariedade.
É valorizando de forma profunda cada aluno e criando um envolvimento verdadeiro, e não apenas profissional e superficial, que os laços afetivos irão se fortalecer mais e mais.
Benefícios adquiridos com a afetividade na educação!
Wallon (1995) afirma que a criança na primeira infância “[…] atribui a emoção como os sentimentos, desejos e manifestações da vida afetiva, demonstra os sentimentos como um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano”.
Nesse sentido, é nítido que a cognição e a afetividade caminham juntas, uma servindo de apoio para a outra, no intuito de constituir a inteligência emocional do sujeito, preparando-o para enfrentar os desafios que a vida apresenta.
Certamente, uma criança que recebe estímulos afetivos desenvolve melhor a capacidade de ir em busca de conhecimento, pois, tem dentro de si o anseio por aprender, algo desenvolvido e baseado nas experiências positivas adquiridas com as trocas com meio em que está inserida.
Dessa forma, podemos afirmar que os benefícios da afetividade na educação infantil atuam como instrumento facilitador da aprendizagem, além de atuar fortemente no desenvolvimento emocional do indivíduo.
Desenvolvimento emocional, social e intelectual através da afetividade
Jean Piaget nos convida a conhecer o desenvolvimento emocional infantil em suas pesquisas sobre o tema. Para o autor, os primeiros anos de vida são fundamentais para a adaptação física e social do ser humano.
Partindo da afirmação de que “educar é adaptar o indivíduo ao meio social ambiente”, Jean Piaget (1985) acredita que a educação não se baseia apenas na construção de conteúdos, mas também em significações sociais e emocionais que irão construir a personalidade da criança com o passar dos anos.
O autor dedicou suas pesquisas para compreender mais o desenvolvimento infantil, tendo como grande marco a divisão dos períodos de desenvolvimento em quatro fases:
• Sensório motor (0 – 2 anos): fase em que as crianças se relacionam com as ações provocadas por elas no ambiente, manipulando o que está a sua volta por ações.
• Pré-operatório (2 – 6 anos): desenvolvimento por símbolos mentais, seja de fala ou visuais, atitudes como egocentrismo e intuição, seus pensamentos dependem de fatores externos.
• Operatório-concreto (7 – 11 anos): apresentam noção de quantidade, peso, constância, volume, descentração. São capazes de classificar as coisas ao redor.
• Operacional-formal (11 anos em diante): formalizam as ações através da linguagem, utilizando raciocínio hipotético-dedutivo. Uma criança estimulada e com maior regulação emocional possui melhor comunicação e domínio sobre si, além da busca aprofundada pelo saber.
Nesse sentido, é possível compreender que construir um ambiente de afeto é como uma mola propulsora para que a criança tenha mais confiança ao se relacionar com o mundo. A influência da efetividade ainda contribui para que haja maior interação entre o professor e os alunos, bem como entre a turma em si.
Assim, além do aprendizado se constituir da melhor forma, existe também a oportunidade de instituir valores importantes para uma saudável convivência em sociedade.
Aplicando a afetividade na educação infantil no dia a dia
É no dia a dia que os momentos de afeto devem ser construídos. O docente pode – e deve – agir de forma afetuosa em toda a rotina escolar da criança, no intuito de tornar a afetividade na educação infantil ainda mais presente e natural.
A observação permanente e a atenção aos detalhes fazem parte do cotidiano em uma sala de aula repleta de afeto. Separamos algumas boas dicas para auxiliar, na prática, a aplicação da afetividade na educação infantil:
Contar histórias
É um riquíssimo momento de estímulo, não somente à imaginação, mas ao fortalecimento da relação entre professor e aluno. Além disso, os livros escolhidos podem trazer temas alusivos a valores afetivos e hábitos de convivência saudáveis.
Acompanhar a execução das tarefas individualmente
Estar próximo às crianças enquanto elas executam atividades individuais, questionando a produção e elogiando, é uma forma de gerar proximidade e confiança.
Acatar problemas e críticas
Acolher críticas sobre a condução do ensino de pais e alunos é muito importante, assim como estar presente no momento de escutar e conduzir os conflitos que os pequenos apontam. Exercer a escuta é um ponto chave para exercer a afetividade e aumentar a confiança na relação docente e alunos.
Colocar limites sem agressividade
O professor deve buscar formas de conduzir os alunos e colocar os limites sem expressar agressividade. Buscar estratégias e utilizar o recurso da conversa sempre torna os momentos mais educativos.
Produzir atividades lúdicas
As atividades lúdicas envolvem e promovem a interação, sendo um ícone importante no exercício da afetividade na educação infantil. Divertem, ensinam e desenvolvem a criança sob todos os aspectos.
Como em toda relação, os vínculos afetivos construídos na escola também precisam ter os seus limites estabelecidos. É importante destacar que o afeto gerado na sala de aula deve sempre estar focado na aprendizagem e na importância que ele traz para a formação da criança.
Outro fator importante é o respeito com a afetividade, presente em cada criança. Algumas gostam de abraçar, outras preferem demonstração de afeto de outras formas. A percepção do educador é importante para compreender como efetivar a construção de laços com os alunos, mas de forma sempre respeitosa.
Como o SAS pode te ajudar?
Para aplicar a afetividade na educação infantil de forma eficaz e dentro dos limites, é preciso possuir uma boa gestão pedagógica, apoiada por uma boa plataforma de ensino. Lembre-se, o SAS oferece consultoria pedagógica de excelência e pode auxiliar na promoção e aplicação da afetividade na instituição de ensino. Clique no banner e fale com nossos consultores!
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