Atualizado em 28 de setembro | 2020 por SAS

A educação domiciliar durante a quarentena tem sido bastante desafiadora para todos, principalmente para os pais. Isso porque, com a paralisação das aulas na maioria dos estados brasileiros, muitos estudantes estão em casa com seus familiares, que, por sua vez, tentam conciliar o trabalho formal e outras atividades domésticas, com as tarefas escolares dos alunos. 

De acordo com um levantamento do Censo Escolar, no ano passado, havia 47,9 milhões de alunos matriculados na Educação Básica no Brasil, nas redes pública e particular. Agora, com o fechamento das escolas e com tantos estudantes em casa, diversas instituições de ensino, como as escolas parcerias do SAS, têm mantido a rotina de estudos a distância, por meio de aulas remotas, o que também representa um desafio para os pais, que podem, muitas vezes, estar sobrecarregados com tantas responsabilidades acumuladas dentro do lar. 

A pandemia forçou todos a abandonarem suas zonas de conforto e a repensarem suas responsabilidades com relação ao ensino. Professores descobriram novas ferramentas e técnicas; os alunos passaram a ter mais autonomia; os pais precisaram assumir a linha de frente do processo de ensino-aprendizagem dos filhos, em especial, dos mais jovens; etc. Todos estão aprendendo a aprender, afinal, a pandemia não veio com um manual de instruções para ensinar como lidar com ela. 

Para analisar esse cenário desafiador e que tem quebrado tantos paradigmas com relação ao modelo de Educação Básica ao qual estávamos acostumados, o SAS convidou o educador e sacerdote Pe. Fábio de Melo para refletir sobre a necessidade de estarmos atentos a cultivar, genuinamente, o melhor em nossas casas e salas de aula, mesmo que no formato remoto. Durante a conversa com a diretora de Consultoria Educacional do SAS Carol Milério, transmitida ao vivo pelo canal do YouTube da plataforma de educação no dia 29 de abril, o padre reforçou o papel dos pais de estimular o processo educativo dentro de casa. “Na cabeça de muitas pessoas, o conceito de escolarização, de educação, ainda é muito restrito ao que acontece dentro da sala de aula, o que ao meu ver é um grande empobrecimento. Tudo na vida é processo educativo, e ele começa dentro de casa”, ressalta.  

E ele vai além: 

“Quando nós vencemos essa secção que colocaram entre a escola e a nossa casa, a gente ganha muito em qualidade de educação. Porque a gente começa a entender, desde cedo, que, enquanto estivermos vivendo, a vida sempre será a grande professora de todos nós. Quando nós, desde cedo, começamos a fazer com que os nossos filhos passem por um processo educacional que incute valores, que incute o conhecimento prático do dia a dia, mais preparados eles estarão para, depois, enfrentarem os conhecimentos teóricos.” – Pe. Fábio de Melo 

Mais do que nunca, os jovens aprendizes precisam que pais, professores e escolas caminhem de mãos dadas, pois, diante de tantas incertezas, há necessidade de encontro, presença, entender pontos comuns uns dos outros e superar as barreiras do distanciamento social.  

“Aprender se tornou muito identificado com o conhecimento, mas é justamente o oposto do conhecimento. Consequentemente as crianças são mais capazes de aprender do que adultos. E, se os adultos quiserem permanecer aprendendo, eles precisam reaprender a aprender. O aprendizado só acontece quando há espaço, troca, inocência.”  – Pe. Fábio de Melo  

Nesse sentido, para Fábio de Melo, a educação deve ser uma ponte entre a potencialidade e a realidade. Segundo ele, não podemos mais educar nossas crianças somente para sobreviverem aos desafios da vida, mas, mais do que isso: devemos educá-las para encarar a vida como uma celebração, um caminhar de aprendizados constantes, no qual elas estejam preparadas para serem indivíduos autênticos, únicos e apaixonados pela própria existência.  

Ele reforça, ainda, que é preciso ensiná-las a serem destemidas, a não se renderem à pressão social, a não serem conformistas, a não ansiarem somente por conforto e conveniência. Ou seja, os valores fundamentais precisam ser estimulados, primeiramente, dentro de casa

“Eu, o tempo todo, ressalto, a importância dos professores. E eu ressalto a luta que essas criaturas vivem diariamente dentro da sala de aula, quando esbarram em questões tão fundamentais, como o respeito, a educação, a solidariedade, a simpatia, a empatia (que é a palavra que está na moda hoje). Como o professor esbarra em questões que deveriam ter sido ensinadas para aquela criança dentro de casa.” – Pe. Fábio de Melo 

Mas, educar demanda paciência, interesse verdadeiro em acessar o outro. O padre completa que a mente é para ciência o que o coração é para arte, frisando que a verdadeira educação precisa ensinar mais do que matemática, história, geografia, ciência, tecnologia. Isso tudo é importante, mas não é tudo. 

“O aluno percebe quando o professor, de fato, gosta de buscar as alturas, sabe? Aquele convite de Paulo, nos seus escritos, né? Vamos buscar as coisas do alto, não vamos nos nivelar por baixo. O conhecimento é a forma mais espetacular, extraordinária de vencer as torturas da realidade.” – Pe. Fábio de Melo 

E, quando ele fala do professor, ele não se refere somente ao professor da escola, mas ao pai e mãe, que, no refúgio dos lares, sempre serão os principais educadores

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