Atualizado em 29 de setembro | 2021 por
Desde 2017, quando foi aprovada a Lei nº 13.415/2017 pelo Governo Federal, a reforma do Ensino Médio tem sido foco de debates e questionamentos no universo escolar, uma vez que traz mudanças consideráveis no currículo das escolas públicas e privadas brasileiras, que têm até 2022 para se adequar às novas diretrizes e legislação. O novo Ensino Médio, orientado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pelas novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), propõe uma nova modalidade de ensino em tempo integral, estimulando o protagonismo do aluno, que tem autonomia para escolher a área de seu maior interesse para aprofundamento de estudos ou uma área de ensino técnico, focada no desenvolvimento de seu projeto de vida.
Neste artigo, vamos entender melhor as principais mudanças trazidas pela reforma do Ensino Médio e o que é possível fazer já em 2021, considerando os impactos da pandemia, que trouxe algumas mudanças no cronograma de implantação dessa nova modalidade de ensino.
Por que um novo Ensino Médio?
A reformulação do Ensino Médio parte da ideia de que esta é a etapa final da Educação Básica e, como etapa final, a preparação para os desafios da vida e para o mundo do trabalho é um direito de todos os cidadãos. Atualmente, apenas uma pequena parcela dos estudantes brasileiros que concluem o Ensino Médio ingressa na universidade, logo após a 3ª série. A grande maioria dos concluintes busca oportunidades, portanto, no mundo do trabalho, voltando para o Ensino Superior anos depois.
Dessa forma, a Educação Básica brasileira se viu diante da necessidade de desenvolver um currículo com base em competências, ou seja, um currículo que integra conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, enfatizando o desenvolvimento de competências gerais para a vida, assim como, atitudinais e socioemocionais.
Como era antes e como fica agora?
A reforma do novo Ensino Médio está centrada no protagonismo do aluno e na construção de seu projeto de vida. Atualmente, a proposta curricular possui conteúdos obrigatórios nos três anos, da 1ª à 3ª série, com 100% da carga horária composta por uma grade de 13 disciplinas obrigatórias. Com a mudança, as disciplinas serão reunidas em quatro grandes áreas do conhecimento, com 60% da carga horária voltada a conteúdos obrigatórios, e 40% da carga horária com percurso formativo flexível, que pode ser escolhido pelo próprio aluno no 1º ano.
Veja abaixo:
O infográfico acima nos mostra que a Lei nº 13.415/17 tem uma característica muito importante: ela trabalha, ao mesmo tempo, o conceito de autonomia e de flexibilização.
- Autonomia das escolas e dos sistemas de ensino para desenvolverem seus currículos, bem como, autonomia das propostas curriculares e dos PPPs (projetos políticos pedagógicos) das escolas. Autonomia, principalmente, no sentido de fortalecer o protagonismo jovem, estimulando a autonomia dos estudantes, para que eles se preparem e preparem seus projetos de vida.
- A flexibilização, por sua vez, significa que as escolas precisam estimular os estudantes, atuando como mediadoras dos alunos do Ensino Médio, pra que eles possam pensar e fazer suas escolhas na construção de suas trajetórias curriculares. Ou seja, flexibilização na perspectiva das trajetórias curriculares.
Além disso, com a reforma, as instituições de ensino conseguem definir novas formas de organização dos tempos e espaços escolares. Dessa forma, a sua escola pode, por exemplo, resolver organizar uma proposta curricular que trabalhe com os componentes obrigatórios (Língua Portuguesa e Matemática), combinados aos os componentes e habilidades das áreas que estavam previstas na proposta curricular e, ao mesmo tempo, trabalhar projetos integradores e interdisciplinares das áreas já na parte de formação geral básica.
Isso quer dizer que a escola tem a liberdade de construir currículos, podendo organizar as estratégias curriculares de outras formas, primando pela formação integral do aluno.
O que significa “formação integral” do aluno?
O novo Ensino Médio possui um compromisso com a educação integral do aluno, ou seja, sua formação intelectual, seu desenvolvimento físico, socioemocional e cultural. Formação integral é, portanto, a formação do cidadão.
Nessa jornada, a escola deve, portanto, garantir a autonomia do aluno, a sua capacidade de fazer escolhas, aumentando seu repertório cultural e garantindo o pluralismo de ideias, assim como seu desenvolvimento socioemocional.
Além disso, temos ainda as competências gerais da educação básica (BNCC) que a formação geral/ integral deve assegurar. Todas as competências gerais da Educação Básica devem, necessariamente, estar presente em todas as propostas curriculares do novo Ensino Médio, em todos os componentes curriculares, em todas as áreas.
Conheça as competências gerais da Educação Básica:
Como a escola pode trabalhar o novo Ensino Médio já em 2021?
- Autoconhecimento
As escolas devem abrir espaço para o autoconhecimento dos alunos. Por exemplo, quando houver a volta das aulas no modelo híbrido, a escola deve abrir espaço para os alunos falarem de si mesmos, do que aconteceu durante o período de isolamento domiciliar, do que eles vivenciaram, como foi a vida com a família, etc. Explorar o autoconhecimento de cada um é muito importante.
- Práticas participativas
Essas práticas são fundamentais para o desenvolvimento da resolução colaborativa de problemas entre os alunos.
A escola deve, portanto, mobilizar os processos cognitivos simultaneamente com as interações sociais e emocionais. Afinal, não dá para trabalhar os conteúdos cognitivos específicos dissociados das atitudes, dos valores, que são envolvidos pelas competências socioemocionais que fazem parte das competências gerais, tais como: resiliência, responsabilidade, colaboração e empatia.
Na adequação ao novo Ensino Médio é muito importante que os currículos integrem afetivo, cognitivo e a formação do aluno, uma vez essa relação está integrada como parte constitutiva de nós mesmos e dos outros. Lembrem-se: as competências cognitivas e socioemocionais, da perspectiva da BNCC, são indissociáveis, e devem ser exploradas intencionalmente no currículo.
A empatia, por exemplo, deve ser trabalhada sempre com a perspectiva do pensamento crítico, orientado pelo conhecimento. A empatia, o desenvolvimento do conhecimento crítico, orientado pelo conhecimento e a colaboração, deve ser sempre aliada à capacidade de argumentação.
Como trabalhar esse tema em sala de aula? A escola pode tentar trabalhar a argumentação, a partir do pensamento crítico que está presente nas competências gerais, valorizando a empatia que o professor vai desenvolver junto aos seus alunos. Os alunos, por sua vez, deverão desenvolver a sua capacidade de argumentação para defender um determinado ponto de vista, sempre respeitando o ponto de vista do outro, do grupo. O exemplo representa, portanto, um bom momento para o desenvolvimento da empatia, que está presente no currículo do no novo Ensino Médio.
Outros aspectos que devem estar presentes no currículo, são:
- O acolhimento das pessoas, respeitando as diversidades e priorizando a construção de uma escola democrática, que respeita as diferenças.
- A formação do estudante como um jovem que deve se preparar para atuar numa sociedade cada vez mais marcada pela tecnologia e pela inovação.
- A formação para o mundo do trabalho, a gestão das tecnologias, a contínua adaptação do jovem a essas mudanças.
O mais importante para 2021 é fortalecer a base de formação geral (língua portuguesa, matemática e os componentes das diferentes áreas do conhecimento), sempre a partir das competências gerais e das competências específicas das áreas, entendendo que essas competências gerais são transversais a todos os objetos de conhecimento.
Elas são importantes para que a sua escola possa trabalhar, já no primeiro ano do novo Ensino Médio, os projetos de vida dos alunos, que exigem uma abordagem curricular mais integradora, uma abordagem que realmente considere as 10 competências gerais da BNCC.
Vale ressaltar que as escolas precisarão investir intensamente na formação de professores e na adequação das metodologias avaliativas para essa nova modalidade de ensino.
Projeto de Vida SAS
Diante da evidente importância do desenvolvimento de habilidades socioemocionais para o alcance de objetivos pessoais e profissionais, o SAS Plataforma de Educação e o Programa Pleno firmaram parceria para o lançamento de um produto para alunos do Ensino Médio, focado no projeto de vida, tópico abordado pela diretriz de número 6 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A solução visa a contribuir para a inserção social e atuação ética dos jovens na sociedade e, para isso, proporciona uma jornada pedagógica, iniciada com o acolhimento do aluno e estruturada a partir de quatro blocos pedagógicos: Propósito, Impacto, Escolha e Fazer Acontecer. Dentro de cada bloco, serão desenvolvidos três grandes eixos: “Eu comigo mesmo”, “Eu e o Mundo” e “Escolha Profissional”.
Além disso, o projeto de vida SAS disponibiliza para suas escolas parceiras o Projet, um aplicativo para o engajamento dos alunos no processo.
Conheça 5 motivos para ter um projeto de vida na sua escola, neste link.
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